O Paço das Artes está com duas exposições em cartaz: a 3ª etapa da Temporada de Projetos deste ano, com obras de Daniela Seixas, Felippe Moraes e Ivan Grilo, e Espaços da Cor, com trabalhos de artistas do Grupo de Pesquisas Cromáticas. As mostras ficam abertas para visitação gratuita até 4 de dezembro. 3ª Temporada de
Projetos 2011
A Temporada de Projetos, programa consagrado por lançar o
trabalho de jovens artistas, críticos e curadores no Paço das Artes, inaugura
sua terceira e última exposição de 2011. “A Temporada 2011 foi um grande
sucesso, com mais de 400 projetos inscritos de todo o país”, afirma Priscila
Arantes, diretora técnica da instituição. “Em 2012, completaremos dez edições,
consolidando a Temporada de Projetos como um grande celeiro de novos e
talentosos artistas, críticos e curadores da arte contemporânea nacional”.
Esta etapa da Temporada traz as exposições individuais de Daniela Seixas,
Felippe Moraes e Ivan Grilo. A mostra fica em cartaz até 4 de dezembro e é
gratuita. No dia 4 de outubro, terça-feira, das 19h30 às 21h30, os três
artistas conversam com o público sobre as obras em cartaz e sobre as suas
experiências artísticas no Projeto Portifólio, organizado pelo Paço Educativo.
A 1ª Temporada de Projetos ocorreu entre os meses de abril e
junho com o projeto curatorial de Daniela Mattos e obras de Elisa de Magalhães,
do coletivo formado por Lucas Arruda, Mariana Galender, Mariana Serri, Mariana
Tassinari e do coletivo composto por Marina Camargo e Romy Pocztaruk. Já a 2ª
Temporada foi apresentada entre os meses de julho e setembro, com os trabalhos
de Rafael Alonso, Iara Freiberg e Lais Myrrha. A pré-seleção da Temporada 2011
ficou a cargo de Claudio Cretti, Danilo Oliveira, Fernanda Lopes, Josué Mattos
e Paula Braga. O júri final foi composto por Alexandre Gabriel, Daniela Bousso,
Elaine Caramella, Glória Ferreira, Josué Mattos e Priscila Arantes.
Obras da 3ª Temporada
A artista carioca Daniela Seixas foi selecionada com a
proposta de exposição individual A riscar, composta por: 1- Sem
título (vídeo): uma mão risca uma folha de papel em branco com caneta
esferográfica azul, até preenchê-la por completo; 2- Projeto para mares, horizontes e afins: desenho-instalação
realizado a partir do mesmo processo visto no vídeo; com o desenho colocado
sobre uma mesa cujo tampo fica no nível dos olhos, torna-se um objeto, a ser observado
em suas ondulações e propriedades físicas e formais; 3- Ensaios sobre falésias (instalação): uma linha é construída na
parede com as cargas de canetas utilizadas no processo.
A exposição Construção
é proposta pelo artista Felippe Moraes como uma metáfora da condição humana de
ser uma obra em progresso. A área externa das paredes do núcleo da exposição
será recoberta por tapumes, sobre os quais serão projetados vídeos da série Encarnado, em que um operário executa
tarefas prosaicas, mas simbólicas, como subir escadas, acender e apagar luzes,
atravessar portas. A área interna é preenchida por cinco trabalhos: 1- a obra π (PI), desenho sobre parede das 10 mil
primeiras casas decimais dessa constante matemática; 2- Entranha, um buraco feito por marretadas no drywall que revela uma parede interna dourada, como que há muito
esquecida dentro daquele ambiente escuro; 3- a instalação A gênese, em que um prumo, antigo instrumento para nivelar
construções, desce do teto em direção ao chão, quase tocando o cume de um montículo
de terra; 4- Quatro paredes mágicas,
que consiste em uma projeção sobre uma planta do Paço das Artes desenhada à mão
sobre a parede; e 5- Projeto e execução,
constituído por dois martelos fincados à parede, um de madeira e metal e outro
de resina translúcida com um prego dentro.
Para a exposição Ninguém, Ivan Grilo propõe três trabalhos
inéditos. Comum união é uma
instalação de parede constituída por 225 fotografias de arquivo familiar,
recortadas e recombinadas digitalmente.
Identidade é um díptico de grande formato composto por dois trabalhos de
impressão de carimbo-datador sobre papel vegetal, montados em caixa de madeira
– com o carimbo, são desenhados retratos do início do século XX, período
retratado em todas as obras da exposição. Aparição
é um trabalho de aplicação de verniz spray
diretamente na parede do espaço; a obra apresenta dois retratos de uma
mulher em dois momentos, antes e depois de tornar-se freira.
Sobre a Temporada de Projetos
O Programa tem como objetivo o fomento às manifestações
artísticas contemporâneas, sem restrição ao suporte utilizado pelo artista ou
coletivo. Além de promover a produção artística por parte dos selecionados, o
Programa ainda incentiva a reflexão teórica, já que cada projeto recebe uma
apreciação crítica por um especialista convidado e, a cada edição, um catálogo
é publicado.
Ação pioneira no Brasil, criada em 1997, a Temporada de
Projetos se tornou um celeiro de artistas, críticos e curadores. Ao participarem
dessa ação, os artistas têm a oportunidade de serem avaliados por crítica,
público e classe artística. Desde seu surgimento, já alçou no cenário cultural
mais de 200 profissionais, entre artistas, curadores e críticos, contabilizando
cerca de cem exposições.
Entre os nomes de artistas que despontaram nesta trajetória
estão Gisela Motta, Leandro Lima, Lia Chaia, Daniela Kutschat, Rejane Cantoni,
Ricardo Carioba, Raquel Kogan, Cine Falcatrua, Ana Holck, Marcellvs L., Débora
Bolsoni. No campo da curadoria, destacaram-se Christine Mello, Kiki
Mazzucchelli e Érika Fraenkel. Sua realização também contribuiu para o
fortalecimento da jovem critica, com contribuições de Fernando Oliva, Juliana
Monachesi, José Augusto Ribeiro, Cauê Alves, Paula Alzugaray, Daniela Maura
Ribeiro, Guy Amado, Fernanda Albuquerque e Daniela Castro.
Espaços da Cor
Apresentar algumas das diversas maneiras de se utilizar a
cor na arte contemporânea. Esta é a proposta de Espaços da Cor, mostra que
apresenta o resultado de um ano de residência no Paço das Artes dos artistas da
ECA/USP que integram o Grupo de Pesquisas Cromáticas coordenado pelo artista e
professor Marco Giannotti.
Os trabalhos selecionados abordam a cor nos seus diferentes
usos e transformações em relação à técnica e às linguagens. Vários estilos
podem ser vistos nas pinturas de André Ricardo, Eurico Lopes, Luciano Deszo,
Marcela Rangel, Paulo Pasta, Taís Cabral e Vitor Iwasso. Cláudio Mubarac e José
Spaniol exploram os processos gráficos de impressão, as maneiras de registrar e
reproduzir a cor. Deborah Bruel, Marco Giannotti e Maura Grimaldi buscam uma abordagem
poética da cor na fotografia traçando diálogos com a pintura. Já Daniel Ekizian,
Fabíola Salles Mariano, Felipe Macedo e Guto Araujo utilizam o vídeo para
colocar a cor no âmbito de uma discussão entre a imagem virtual e a narrativa.
Sobre o Grupo Cor
O Grupo de Pesquisas Cromáticas é formado por alunos e
professores de Universidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e
Curitiba. Busca uma análise ampla do
fenômeno cromático a partir do estudo de artistas, filósofos, antropólogos e
cientistas. O grupo parte do entendimento de que a cor constitui uma linguagem
e como tal, requer aprendizado e reflexão. A cor faz parte de modo
indissociável do mundo, da natureza que nos rodeia, da arquitetura etc. Tais
processos, de uso e percepção da cor, não ocorrem de modo fixo, inalterável,
mas trazem consigo marcas próprias de cada época e dos diferentes meios
socioculturais. A proposta de abertura de um espaço de debate - cujo cerne das
discussões gira em torno de diferentes percepções e concepções da cor -,
situado em um espaço de grande circulação da comunidade acadêmica, como a USP,
em São Paulo, favorece o fluxo de ideias entre pessoas oriundas de diversos
campos de conhecimento, resultando na possibilidade promissora de troca e
intercâmbio de informações. |